sábado, 31 de dezembro de 2016

A paz do garoto.

          Agora, neste exato momento, todos os meus medos, anseios, expectativas, esperanças, fé, a ausência de fé, enfim tudo que me frustrava, já não mais me importa.
          Como já dizia NEWTON, a soma de todas as forças é igual a zero.
          Sentado aqui, pensando no que escrever, em que falar, nada vem a mente.
          Sinto uma paz tão grande de espírito tal e cual um garoto levado ao parque pela sua mãe, com promessa de uma tarde inesquecível. E lá chegando ela ordena ao garoto que ele fique sentado num banco qualquer, quietinho, enquanto ela vai ali adiante comprar um refresco ou lanche qualquer.
          E nosso garoto fica ali, sentadinho, esperando, olhando a multidão em volta se divertindo crendo que ele próprio em breve terá seus momentos de felicidade, assim que sua mãe voltar.
          O que ele não sabe é que ela nunca mais irá retornar.
          A paz que sinto é isso, uma calmaria no meio do oceano.
          E toda calmaria é prenúncio de tempestades.
          Nos últimos tempos vivi inúmeras tempestades. Algumas cheguei a pensar que o navio metáfora de minha vida emborcaria mar adentro. Felizmente descobri que do material que sou feito é resistente e, mesmo danificado, os estragos não comprometeram minha estrutura.
          Mas, a força do mar tem a capacidade de romper e moldar rochas, o que dirá que um pobre barquinho.
          Ciente disto, aproveito este raro momento de calmaria para refletir e decidir qual o rumo tomar.
          Não é fácil aceitar os fracassos, admitir que somos falíveis, imperfeitos e, independente de nossas escolhas, estamos sujeitos a todas as vicissitudes e humores da vida como qualquer outra pessoa. Não somo melhores, nem piores. Somos apenas gente.
          Estou naquele momento em que tenho que aceitar que, apesar de tudo, das traições, magoas, expectativas frustradas, sonhos que viraram pesadelos, casamentos desfeitos por inúmeros motivos, abandonos, sou o que sou. Não sou popular, nem o mais querido, nem procurado, Devo ter também algumas características boas na minha personalidade. Sei lá, tenho dificuldade de me elogiar.
          O que sei é que, não importa o quanto tu julgas que a vida te foi ingrata ou injusta, o tempo não oferece compensação.
          E o tempo é implacável com todo mundo. Então não tem sentido lamentar o que passou, e sim aproveitar o agora.
          Uma hora o barco finalmente irá emborcar.
          Nada é eterno.
          E agora, nesta calmaria, de muito longe enxergo na linha do horizonte paisagem adquirindo um tom mais escuro, opaco, e o brilho dos raios rasgando o céu.
          Não há porto seguro por perto.
          Seja o que Deus quiser.

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